Este trabalho é uma reportagem subjectiva sobre a Bulgária, o país onde nasci. O meu objectivo foi descrever o meu país através da fotografia e de um ponto de vista pessoal. Tentei apanhar o actual espírito do país e relacioná-lo com a minha atitude, enquanto Búlgaro e a viver no estrangeiro e desejando comunicar uma sensação mais do que uma imagem do país. Não foi minha intenção criar uma reportagem clássica sobre o país, cobrindo os aspectos mais importantes e reportando sobre locais importantes, religião, turismo, paisagem, urbanismo etc. seguindo um padrão pré-definido, ou pelo cruzamento de referências políticas. As narrativas de imagens que requeiram uma certa forma de leitura nunca me interessaram. Ainda para mais, quis criar uma imagem que se desenvolvesse na imaginação do espectador, provocando um impulso de vivacidade que ultrapasse a história de cada fotografia. Envolvi-me com assuntos tais como calor, desejo, beleza, poesia, juventade, humor (mas também a melancolia), absurdo, dor e ansiedade. Procurei imagens que pudessem traduzir estes leit motifs, que absorvessem o espírito, que expressassem contradições. Desejei fotografias que combinem as minhas emoções com observações sóbrias. Escolhendo situações do quotidiano- pouco espectaculares para quem lá vive- e encontrando algo de especial e até absurdo nelas, pude trazer à superfície algo que se encontrava escondido. O trabalho é uma compilação de histórias singulares. Elas são fragmentos independentes, supostamente subjectivos e misteriosos, mas que no seu todo também revelam algo sobre o país. Quando voltei a casa, vi-me em nemrosas situações paradoxais. A minha percepção do país, em termos do seu desenvolvimento histórico e político, é também contraditório. Foi, por esta razão, lógico que focasse em particular estas características, enquanto tirei estas fotografias. À medida que os fui encontrando, compreendi os assuntos enquanto unicums, relíquias de um evento. Mais tarde criei pares e séries de imagens. As histórias singulares produziram continuidade. Assim criei indirectamente uma nova realidade, entregando as fotografias ao seu novo destino. Agora é a vez de o espectador preenchê-la com a sua imaginação e continuar a história. Pepa Hristova Nasceu em Sevlievo na Bulgaria em 25 de Abril de 1977 Vive desde 1997 na Alemanha Entre 1999 e 2006 estudou Design para Comunicação e Fotografia na College of Applied Sciences em Hamburgo É sócio-júnior da OSTKREUZ Photographers Agency